Com o tema “Protagonismo e Empreendedorismo nos Jovens”, o Colégio Planck realizou uma live com ex-aluno do ITA, engenheiro aeronáutico e ex-prefeito de São José dos Campos, Emanuel Fernandes.
Com a mediação do professor André Guadalupe, Emanuel falou sobre os conceitos de brincar, buscar independência e até um pouco de política. Leia mais abaixo.
Em qual momento o jovem pode desenvolver o protagonismo e o empreendedorismo?
Durante a live, o ex-prefeito Emanuel Fernandes revela que acredita que a característica do empreendedorismo é inata nas crianças, porém, com o tempo, as ações da família e da sociedade podem ir abafando essa habilidade.
Ele revela que o jovem que consegue sair dessas teias e ter foco nos seus propósitos pode conseguir atingir grandes objetivos. Para Emanuel, sair dessas amarras se chama protagonismo.
Emanuel afirma que a importância do direito livre de sonhar das crianças deveria ser lei. Nessa mesma lei fictícia que está em seu imaginário, ele também incluiria o tópico de que se os jovens não quisesse mais seguir seus sonhos, isso deveria ser considerado um problema deles, porém, se quisessem perseguir esses sonhos, então, todos deveriam colaborar para que isso ocorresse.
Emanuel acredita que se alguém quer ser melhor, toda a sociedade também vai ganhar com isso. Por isso, afirmou que em sua época de prefeito (1997 a 2004) criou programas de oportunidades para várias faixas etárias e tipos de interesse, como o Banco do Povo, Cephas, Cedemp (Centro de Educação Empreendedora) e outras iniciativas.
Conhecimento e esforço
Segundo Emanuel, para que o jovem consiga desenvolver esse protagonismo e empreendedorismo, vai precisar de dois aspectos: conhecimento e esforço para conquistar. Para ele, se alguém está perseguindo um objetivo, é precisa buscar o Sol, e não se esconder na sombra e água fresca.
Ele cita que o tempo em que a pessoa trabalha arduamente para atingir seus objetivos é, certamente, um dos mais felizes. Para comprovar isso, cita o seu próprio exemplo na época que veio de sua cidadezinha natal para São José dos Campos, quando trabalhava para se sustentar , estudava à noite e de madrugada para entrar no ITA (instituto Tecnológico de Aeronáutica), o que acabou conquistando em 1981.
Para o ex-prefeito, essa ação é mais que conquistar um diploma, é abraçar a vida e desenvolver o seu potencial. É sair da circularidade da família e da sociedade, estudando, correndo atrás dos próprios sonhos e reconhecendo que o mais gostoso é a viagem e não o destino.
Qual o papel do brincar no processo do protagonismo?
Emanuel Fernandes acredita que umas das maneiras para que a família preserve a criatividade e fomente o crescimento e o protagonismo nos jovens começa permitindo a manutenção do lúdico.
Ele cita o livro “Homo Ludens”, de Johan Huizinga, que coloca uma verdadeira lupa sobre a importância das brincadeiras no desenvolvimento da sociedade, como os antigos torneios entre os cavaleiros e os jogos de maneira geral, que não só induziram à harmonia, mas também à criatividade do ser humano.
Não é só garantir os brinquedos que vão estimular o desenvolvimento motor, mas é permitir também que as pessoas aprendam a desenvolver esse aspecto lúdico em todas as iniciativas, até mesmo para fazer cálculos matemáticos.
Segundo Emanuel, a brincadeira é se preparar para a vida e até cita um exemplo da vida selvagem para reforçar: quando os pequenos leões brincam entre si, estão se preparando para o jogo futuro naquele ambiente.
No caso dos homens, que têm mais simulação que os animais, o brincar tem a ver com o neurônio espelho (neurônio da empatia), porque com isso é possível construir dois mundos.
A vida é única, indelegável e intransferível
Para o ex-prefeito, a família pode dar as devidas orientações às crianças, mas a modelagem da própria personalidade é individual. Os pais não devem querer se realizar nos filhos. É preciso que os jovens vivam os próprios sonhos.
Emanuel tem uma teoria: a vida é única, indelegável e intransferível e cada um deve seguir abraçar a sua própria vontade de potência, citando o filósofo Friedrich Nietzsche.
Por isso, também é importante entender que cada pessoa tem um tipo ou mais tipos de inteligência, que vão se ajustar melhor ao contorno que estão criando dentro de si.
Para ele, esse é um aspecto da Educação que vem sendo corrigido, porque já é comprovado que um jogador de futebol pode ter uma inteligência diferente de um músico ou de alguém que é muito competente na arte de se comunicar ou se relacionar.
Onde fica a questão do erro?
Emanuel cita que em uma palestra que ouviu do fundador do ITA, o Tenente-Coronel Aviador Casimiro Montenegro Filho, que aquela instituição era de Ensino e Educação, ou seja, que trazia conteúdo de disciplinas, mas também a formação de cidadãos consciente e ativos.
Para ele, todas as escolas devem criar centros que sejam não só de Ensino, mas de Educação também, que preveem as tentativas de soluções. Segundo ele, todos vão errar em algum momento para aprender algo, o que vai permitir que a criança vá modelando o que é.
Ele afirma que embora seja feliz e realizado com o que fez na vida, até citou que se voltasse para o passado se permitira errar um pouco mais.
Burocracia & leis: precisa tanto?
Questionado sobre a burocracia brasileira ser um fator frustrante para o empreendedor brasileiro, o engenheiro aeronáutico revela que acredita que o erro do Brasil é ter um excesso de leis.
Para ele, uma das necessidades do país é diminuir o Estado e o número de leis que, muitas vezes, só inviabilizam muitas ações.
Emanuel revela que buscou fazer isso no período em que esteve no Congresso, segurando muitas leis desnecessárias.
Interesse político nos jovens
Para Emanuel, no Brasil não há uma formação de cidadania ainda na fase de criança, mas isso acontece nos EUA e países da Europa. Se esse tipo de ensino ocorresse no país, os brasileiros já aprenderiam algo sobre ações básicas necessárias ainda na infância, até para um entendimento melhor do que é o público e o que é privado.
Segundo o ex-prefeito, uma forma de os jovens terem mais interesse pela política é fazer perguntas sobre o funcionamento de tudo. Preservar o exercício de pensar de onde vem as coisas que você usa e para onde vão, como é a interação de um elemento para o outro, como a água, o esgoto, o lixo, o que você faz que é eletivo e o que você faz que é coletivo. São perguntas que vão ajudar a ampliar a consciência política.
E caso queiram ocupar um papel político que façam por uma atitude cívica, não com o objetivo de criar uma carreira política. Para ele, não deve-se ficar dependente da política de modo algum.
Ele cita que na época de sua eleição era funcionário público no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), mas não abriu mão de voltar a exercer sua profissão no instituto após sua saída da política.
Esses foram alguns temas apresentados pela live do ex-prefeito Emanuel Fernandes para o Planck, veja mais detalhes no vídeo acima.