Mensalmente, o Clube de Leitura se reúne para discutir a última obra lida, como aconteceu no último sábado (5). Os integrantes do Clube e o Professor Darci Baptista compartilharam suas impressões a respeito do livro “Satíricon”, de Petrônio, no IV Encontro do Clube de Leitura 2023, exclusivo para pais, responsáveis e Professores Planck.
Obra polêmica e marginalizada
Ambientada no contexto histórico e geográfico da Roma do século I depois de Cristo, a obra fragmentada “Satíricon”, escrito pelo poeta e prosador, aristocrata, cônsul e administrador público Petrônio, por muito tempo foi considerada inclassificável e marginalizada da literatura universal. Infelizmente, da obra original composta por dezesseis partes, restaram apenas três episódios, consequência da derrocada política do autor, condenado pelo imperador Nero a cortar os próprios pulsos, após ter sido acusado de conspiração.
Mesmo que fragmentada, a criação de Petrônio ganhou vulto na história da literatura ocidental pelo aspecto que lhe inspirou o título – a sagacidade de sua sátira aos costumes da época. A leitura dessa obra incentiva a reflexão diante da complexidade das relações sociais que se formavam numa cultura sociopolítica, geográfica e cronológica totalmente diferente da que os leitores presenciam hoje. Contrastes culturais, dúvidas contextuais e interpretações foram compartilhadas pelos integrantes do grupo durante o encontro.
Próxima leitura: “A Sucessora”, de Carolina Nabuco.
O romance de estreia da autora alcançou grande sucesso no Brasil desde de 1934, quando foi lançado, sendo, inclusive, adaptada para o formato de telenovela décadas depois. No entanto, a obra permanece à margem do reconhecimento internacional devido às acusações de plágio contra a autora britânica Daphne Du Maurier, cujo romance “Rebecca”, publicado quatro anos depois, contém diversas semelhanças em relação ao texto de Carolina Nabuco. Quando o longa-metragem “Rebecca, a mulher inesquecível”, de Alfred Hitchcock, com roteiro baseado no livro daquela escritora inglesa, conquistou diversos prêmios, inclusive o Oscar de Melhor Filme de 1940, a repercussão entre a intelectualidade brasileira, a imprensa e uma boa parte do público foi de intensa indignação. Carolina, porém, recusou-se a pleitear na Justiça seus direitos autorais.
Influenciada pelos avanços da psicanálise, Carolina movimenta seu romance a partir do casamento entre a jovem Marina, nascida e criada na fazenda Santa Rosa, e o magnata industrial Roberto Steen, de ascendência europeia. Dessa forma, a protagonista transita da elite rural para a elite urbana e burguesa, no contexto histórico da política do café-com-leite. Após a lua-de-mel no exterior, o casal passa a viver na capital, na mesma mansão que o marido já ocupara ao lado da primeira esposa, Alice, falecida há menos de dois anos.
Gradativamente, a recém-casada diariamente sente a opressão diante do retrato da outra, gerando em si uma angústia constante por não se ver à altura dos atributos de Alice. Marina, a sucessora, passa por um processo de autodestruição que só poderá ser interrompido se vier à tona um fato revelador sobre o passado de sua rival, enquanto vivera com Roberto.
O V Encontro do Clube de Leitura acontecerá no dia 16 de Setembro e para participar basta entrar em contato com nossa equipe através do App Planck. Esperamos encontrá-los novamente para mais um momento de debate e reflexão, guiados pela leitura da obra de Carolina Nabuco.