Quando se fala em exposição digital, muitas pessoas pensam que trata-se de obras de arte expostas no meio digital, porém, o termo quer dizer muito mais do que isso: é o ato de se expor ou expor as outras pessoas nas redes sociais.
Especialmente quando essa ação ocorre de forma irresponsável e imprudente, pode gerar muitos transtornos a quem teve a sua imagem exposta. Veja mais sobre esse assunto.
Como acontece a exposição digital?
Segundo um dado divulgado pelo relatório Digital 2022, publicado em maio deste ano, no mundo inteiro são 5 bilhões de pessoas usando a internet. Desses, 4,65 bilhões são usuários de mídia social em todo o mundo, ficando conectados nesse meio por uma média de 3 horas e 47 minutos todos os dias.
O uso abusivo das telas pode trazer problemas no desenvolvimento do córtex pré-frontal, quando começa muito cedo (antes dos 5 anos), a não ter controle da quantidade do tempo de uso das crianças, ocasionando o vício. Mais tarde, também afetam outra questão: o risco da exposição digital nociva e dos episódios de discriminação online.
Atualmente, não é necessário mais ser uma celebridade para ter o seu dia a dia completamente desnudado nas redes sociais, a exposição digital consentida ou não é um fato consumado na vida de milhões de pessoas.
Assim, o ditado “minha vida é um livro aberto” nunca foi tão verdadeiro quanto nestes tempos, nos quais a internet, e especialmente, as redes sociais, são entulhadas com imagens de todos os detalhes da vida íntima de uma pessoa.
Em muitos casos, são os próprios usuários que colocam imagens de tudo que fazem no seu dia a dia, desde a hora que acordam ao momento em que vão dormir, então sobram selfies de gente espreguiçando ao acordar, escovando os dentes, tomando café, experimentando roupas, etc.
Além de expor imagens estáticas em fotos, os usuários também adoram falar sobre qualquer assunto com a sua audiência em qualquer hora do dia por meio dos vídeos.
Não tem sido incomum também que muitos pais também exponham a vida dos próprios filhos, desde bebês, nas redes sociais. Quando essa exposição é realizada sem qualquer critério de segurança e privacidade, pode ter consequências indesejadas. Essa atitude é conhecida como shareting.
Além disso, já que são inúmeras as possibilidades para quem tem um smartphone nas mãos, também não faltam cenas clicadas da vida dos outros que, muitas vezes, vão parar nas redes sociais sem autorização e causam estragos psicológicos imensos.
Além de usar as imagens alheias como brincadeiras, muitos usam as imagens divulgadas nas redes também para ameaçar e perseguir a vítima por meio de aplicativos de mensagens e e-mails.
Prejuízos da exposição digital
Os adolescentes de hoje são nativos digitais e nem entendem o que seria a vida sem a internet. Uma pesquisa realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil revela que 89% da população de 9 a 17 anos está conectada.
Mas, se por um lado o meio digital é muito atrativo, ao mesmo tempo, requer muitos cuidados, porque muitas vezes, os jovens têm suas imagens divulgadas de forma imprudente e irresponsável por outros, com o objetivo de envergonhar, humilhar, intimidar, perseguir ou caluniar.
Então, também é muito arriscado quando uma pessoa expõe a sua própria imagem excessivamente porque pode facilitar que crimes sejam cometidos a partir dos dados informados em seus próprios perfis. Além disso, outro perigo é que as imagens publicadas sejam distorcidas e alteradas.
Por meio de uma imagem exposta na internet, a pessoa pode ter sua intimidade invadida e até ser alvo de campanhas de ódio e assédio, bem como de fake news. Quem nunca ouviu falar de casos de pessoas que descobriram que suas fotos foram parar em sites duvidosos?
A rejeição ou críticas nas redes sociais acionam circuitos cerebrais de medo e agressividade. Assim, quem já foi vítima de uma exposição digital imprudente e nociva, pode sofrer com diversos problemas emocionais, que vão desde uma tristeza e isolamento, que podem se transformar em depressão, e desenvolver quadros de transtorno de ansiedade e síndrome do pânico.
Quem passa por uma situação relacionada à exposição digital e fica com problemas psicológicos, precisa pedir ajuda.
Outros prejuízos do uso constante de telas
- Uso excessivo de dispositivos pode diminuir a capacidade de resolução de problemas, sociabilidade e comunicação;
- Uso excessivo na primeira infância causa alterações cerebrais nesta fase que podem prejudicar controle dos impulsos, capacidade de foco, tomada de decisões e julgamentos;
- Cérebro passa a buscar prazer imediato e recompensa sem pensar nas consequências;
- Luz das telas inibe a ação da melatonina, prejudicando o sono;
- Pode levar à inatividade física, estimulando sobrepeso e obesidade;
- Uso constante de fones para usar a internet pode prejudicar a audição.
O que a lei fala sobre a exposição digital?
Quem faz exposição digital de outros com a clara intenção de prejudicar, pode pensar que está protegido por estar atrás de perfis anônimos. Isso não é verdade. Desde 2014, há lei para punir quem comete crime virtual.
O Marco Civil da Internet determina os direitos e deveres de quem usa a rede, e se alguém comete um crime neste ambiente pode ser punido pelo Código Penal e do Código Civil, podendo incorrer em infrações de injúria, difamação, calúnia, ameaça, falsidade ideológica, etc.
Mas quem é vítima de exposição digital nociva nas redes sociais também pode contar com os recursos da própria rede para denunciar a publicação.
O que fazer para evitar a exposição digital?
É muito saudável que os pais conversem com os adolescentes sobre o uso saudável das redes sociais e também orientem que tomem cuidados para evitar a exposição digital, com atitudes como:
- Evite divulgar detalhes da sua vida e suas intimidades nas redes sociais;
- Cuidado para que as fotos postadas não abram espaço para deturpações;
- Não envie fotos íntimas para ninguém;
- Se for atacado nas redes, bloqueie a pessoa;
- Converse com pais e responsáveis em caso de se sentir exposto em publicações de outros;
- Pais devem ter atenção com a rede dos filhos para evitar que eles caiam em golpes ou auxiliá-los quando forem expostos de forma agressiva. E também delimitar o tempo de uso para evitar outros prejuízos ao estudante.
- Observe os termos de uso de cada plataforma na internet, para todas elas existe uma idade mínima para utilização, por exemplo: o Instagram exige idade mínima de 13 anos completos;
- É importante que os pais acompanhem e entendam a finalidade de cada plataforma em que a criança/jovem está inserida. Muitos ainda não possuem maturidade suficiente para entender o uso de redes sociais e suas consequências, ficando mais expostos aos riscos.
No Colégio Planck, é sempre orientado um uso consciente, responsável e respeitoso da tecnologia, mas se um estudante se sentir vítima de exposição digital pode pedir a ajuda da Orientação Educacional, para que todas as medidas cabíveis possam ser tomadas, em parceria com os pais do adolescente.
Além disso, quando os pais perceberem que os filhos estão se comportando de forma diferente, demonstrando tristeza e querendo se isolar, as portas do Colégio estão abertas para que haja um diálogo aberto e sejam pensadas em formas de resolver a questão em conjunto.