No último sábado (17), a Família Planck se reuniu com o Professor Darci Baptista para o III Encontro do Clube de Leitura 2023, exclusivo para pais, responsáveis e Professores Planck. Na ocasião, os participantes abordaram a última leitura do grupo: “Não verás país nenhum”, de Ignácio de Loyola Brandão.
O maior romance de ficção científica distópica
Aproximando-se dos anos 2000, havia um misto de ansiedade por um novo milênio, repleto de promessas feitas pela tecnologia e de desânimo perante as perspectivas apocalípticas da fome e da guerra. Nesse contexto, surge a obra que é considerada o maior romance de ficção científica distópica da literatura brasileira, um marco do nosso pós-modernismo tropical cyberpunk: “Não verás país nenhum”, de Ignácio de Loyola Brandão
Os leitores acompanham a realidade de personagens que convivem com as limitações causadas pela devastação do meio ambiente: a água é racionada e só tem acesso a ela quem detém raríssimas fichas distribuídas pelo governo; o sol é abrasador, a ponto de provocar a morte instantânea de quem estiver fora da gigantesca redoma que protege a metrópole; os congestionamentos de outrora se tornaram ferros-velhos; a vegetação é inexistente. Além do enigma que passa a fazer parte da história: um inexplicável furo surge em uma das mãos do protagonista, sem que ele sofra qualquer dor ou sangramento, apenas coceira. Sem dar-se conta no princípio, sua mão deformada atrai os olhares dos Civiltares, os fiscais do Esquema, porque agora ele simboliza o estranho, o inclassificável, o fora-de-controle.
Próxima leitura: “Satíricon”, de Petrônio.
Pela primeira vez, o Clube de Leitura fará não apenas uma longa viagem para outro país, como também ultrapassará os limites milenares e viajará pelo tempo: para Roma do século I depois de Cristo, contexto histórico e geográfico de uma das obras mais polêmicas, inclassificáveis e por muito tempo marginalizadas da literatura universal, o fragmentado “Satíricon”, escrito pelo poeta e prosador, aristocrata, cônsul e administrador público Petrônio.
Fragmentado porque, da obra original composta por dezesseis partes, restaram apenas três episódios, devido à ruína política de seu autor, que manteve sua criação comprometida na integridade de seu projeto literário: satirizar os costumes da época, as contradições do Império Romano, a ascensão social dos escravos libertos, a decadência intelectual da elite de seu tempo. Tais temas são sintetizados na aventura hedonista do protagonista Encólpio em um mundo onde inexistia a culpa judaico-cristã e o conceito de pecado.
O IV Encontro do Clube de Leitura acontecerá no dia 5 de Agosto e para participar basta entrar em contato com nossa equipe através do App Planck. Esperamos encontrá-los novamente para mais um momento de debate e reflexão, guiados pela leitura da obra de Petrônio.
